Osteoporose: tudo sobre prevenção, sintomas, diagnóstico e tratamento (2025)
A osteoporose é uma doença silenciosa que afeta mais de 10 milhões de brasileiros, sendo responsável por aproximadamente 2,4 milhões de fraturas anualmente. Neste guia completo de 2025, baseado em evidências científicas e na minha experiência como geriatra, você entenderá tudo sobre esta condição: desde os fatores de risco até os tratamentos mais inovadores.
Neste guia completo você encontrará:
- O que é osteoporose e como ela se desenvolve
- Epidemiologia: dados e estatísticas no Brasil e no mundo
- Fatores de risco para osteoporose
- Sinais e sintomas da osteoporose
- Como é feito o diagnóstico
- Tratamento: medicamentos e terapias
- Estratégias de prevenção
- Fraturas osteoporóticas: a maior complicação
- Nutrição e suplementação para saúde óssea
- Exercícios físicos para fortalecer os ossos
- Perguntas frequentes
O que é Osteoporose?
A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea e deterioração da microarquitetura dos ossos, levando ao aumento da fragilidade óssea e consequente risco de fraturas. O termo "osteoporose" significa literalmente "ossos porosos".
Nosso esqueleto é um tecido dinâmico que está constantemente se renovando através de dois processos principais: a formação óssea (realizada por células chamadas osteoblastos) e a reabsorção óssea (realizada por células chamadas osteoclastos). Na osteoporose, há um desequilíbrio nesse processo, com a reabsorção óssea superando a formação, resultando em perda progressiva de massa óssea.
Ponto-chave: Até os 30 anos, acumulamos massa óssea. Após essa idade, começamos a perder gradualmente. A osteoporose ocorre quando essa perda é excessiva, tornando os ossos frágeis e susceptíveis a fraturas.
Epidemiologia da Osteoporose
A osteoporose é um importante problema de saúde pública mundial, com impacto significativo na morbimortalidade e na qualidade de vida da população, especialmente dos idosos. De acordo com a International Osteoporosis Foundation (IOF):
- Estima-se que mais de 200 milhões de pessoas no mundo tenham osteoporose
- Aproximadamente 30% de todas as mulheres pós-menopáusicas têm osteoporose
- No Brasil, a osteoporose afeta cerca de 10 milhões de pessoas
- Após os 50 anos, uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens sofrerão uma fratura osteoporótica
- As fraturas de quadril aumentam significativamente a mortalidade: 20% a 24% dos pacientes morrem no primeiro ano após a fratura
- O custo anual com fraturas osteoporóticas no Brasil ultrapassa R$ 1,2 bilhão
Com o envelhecimento progressivo da população, espera-se que a incidência de osteoporose e fraturas relacionadas quadruplique até 2050, representando um enorme desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo.
Fatores de Risco para Osteoporose
Alguns fatores de risco para osteoporose não podem ser modificados, enquanto outros estão relacionados ao estilo de vida e podem ser alterados para reduzir o risco de desenvolver a doença.
Fatores não modificáveis:
- Idade: O risco aumenta significativamente após os 50 anos
- Sexo feminino: As mulheres têm 4 vezes mais chances de desenvolver osteoporose
- Menopausa precoce: Antes dos 45 anos
- Histórico familiar: Parentes de primeiro grau com osteoporose ou fraturas
- Raça: Pessoas de origem caucasiana ou asiática têm maior risco
- Baixo peso corporal: IMC menor que 19 kg/m²
Fatores modificáveis:
- Baixa ingestão de cálcio: Inadequação ao longo da vida
- Deficiência de vitamina D: Exposição solar insuficiente
- Sedentarismo: Falta de exercícios com carga de peso
- Tabagismo: Fumar acelera a perda óssea
- Consumo excessivo de álcool: Mais de 3 doses por dia
- Uso prolongado de corticoides: Mais de 3 meses consecutivos
- Alimentação inadequada: Excesso de sódio, cafeína e proteína animal
Ponto-chave: Identificar os fatores de risco é o primeiro passo para a prevenção da osteoporose. Muitos desses fatores podem ser modificados com mudanças no estilo de vida.
Sinais e Sintomas da Osteoporose
A osteoporose é frequentemente chamada de "doença silenciosa" porque a perda óssea ocorre progressivamente, sem sintomas evidentes, até que ocorra uma fratura. No entanto, alguns sinais podem indicar a presença da doença:
- Dor nas costas: Pode ser causada por fratura ou colapso vertebral
- Perda de altura: Redução de 2 a 3 cm ao longo dos anos
- Postura encurvada (cifose): Conhecida como "corcunda de viúva"
- Fraturas com trauma mínimo: Ocorrem com quedas da própria altura ou menos
- Diminuição da capacidade física: Dificuldade para realizar atividades cotidianas
As fraturas osteoporóticas mais comuns ocorrem no punho (fratura de Colles), vértebras (fraturas vertebrais) e quadril (fratura de fêmur). As fraturas vertebrais podem causar dolor intensa, deformidade e redução da função pulmonar.
Diagnóstico da Osteoporose
O diagnóstico precoce da osteoporose é fundamental para prevenir fraturas. O método mais utilizado e preciso é a densitometria óssea, um exame não invasivo que mede a densidade mineral óssea (DMO).
Densitometria Óssea:
Este exame utiliza uma quantidade mínima de radiação para medir a densidade óssea, geralmente na coluna lombar e no fêmur. Os resultados são expressos através de dois scores:
- Escore T: Compara a densidade óssea do paciente com a de um adulto jovem saudável do mesmo sexo
- Escore Z: Compara com pessoas da mesma idade e sexo
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os critérios diagnósticos são:
- Normal: Escore T ≥ -1 DP
- Osteopenia: Escore T entre -1 e -2,5 DP
- Osteoporose: Escore T ≤ -2,5 DP
- Osteoporose estabelecida: Escore T ≤ -2,5 DP + fratura por fragilidade
Exames complementares:
- Radiografias: Podem detectar fraturas vertebrais
- Exames laboratoriais: Dosagem de cálcio, vitamina D, função renal e tireoidiana
- Marcadores de remodelação óssea: Avaliam a atividade de formação e reabsorção óssea
Ponto-chave: A densitometria óssea é indicada para todas as mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos, ou mais cedo na presença de fatores de risco.
Tratamento da Osteoporose
O tratamento da osteoporose tem como objetivos principais prevenir fraturas, reduzir a dor, manter ou aumentar a densidade óssea e melhorar a qualidade de vida. A abordagem é multifatorial, incluindo modificações no estilo de vida e tratamento medicamentoso.
Medicamentos para osteoporose:
Antirreabsortivos (reduzem a perda óssea):
- Bisfosfonatos: Alendronato, risedronato, ibandronato e ácido zoledrônico
- Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERMs): Raloxifeno
- Terapia hormonal: Estrogênio (para mulheres na menopausa)
- Denosumab: Anticorpo monoclonal que inibe a reabsorção óssea
Anabólicos (estimulam a formação óssea):
- Teriparatida: Análogo do hormônio paratireoidiano
- Abaloparatide: Novo análogo do hormônio paratireoidiano
- Romosozumab: Anticorpo monoclonal que inibe a esclerostina
Segundo pesquisa da USP, o romosozumab pode aumentar a massa óssea em até 20% em apenas 12 meses de tratamento, representando um avanço significativo no tratamento da osteoporose grave.
Duração do tratamento:
O tempo de tratamento varia conforme a medicação utilizada e a resposta individual. Em geral, os bisfosfonatos são utilizados por 3 a 5 anos, com reavaliação periódica. Os tratamentos anabólicos são geralmente limitados a 18-24 meses, seguidos por um antirreabsortivo.
Prevenção da Osteoporose
A prevenção da osteoporose deve começar na infância e adolescência, períodos críticos para aquisição de massa óssea, e continuar ao longo de toda a vida. As estratégias preventivas incluem:
Otimização do pico de massa óssea:
Até aproximadamente 30 anos, nosso organismo acumula massa óssea. Maximizar este pico é a melhor estratégia de prevenção a longo prazo:
- Ingestão adequada de cálcio na infância e adolescência
- Atividade física regular com exercícios de carga
- Exposição solar adequada para síntese de vitamina D
- Alimentação balanceada rica em nutrientes essenciais
Prevenção da perda óssea na idade adulta:
- Manter ingestão adequada de cálcio (1000-1200 mg/dia)
- Manter níveis adequados de vitamina D
- Praticar exercícios físicos regularmente
- Evitar tabagismo e consumo excessivo de álcool
- Prevenir quedas através de adaptações ambientais
Ponto-chave: Nunca é tarde para começar a prevenir a osteoporose. Mesmo após o diagnóstico, medidas preventivas podem reduzir o risco de fraturas em até 50%.
Fraturas Osteoporóticas: A Maior Complicação
As fraturas são a complicação mais grave da osteoporose, causando dor, incapacidade, perda de independência e aumento da mortalidade. A fratura de fêmur é particularmente devastadora, com mortalidade de 20-24% no primeiro ano após a fratura.
As fraturas vertebrais podem causar dor crônica, redução da capacidade pulmonar, deformidade da coluna e diminuição da qualidade de vida. Já as fraturas de punho, embora menos graves, podem limitar significativamente a autonomia para atividades diárias.
A prevenção de quedas é fundamental para evitar fraturas em pessoas com osteoporose. Medidas importantes incluem:
- Remover tapetes soltos e obstáculos no caminho
- Instalar barras de apoio no banheiro
- Melhorar a iluminação dos ambientes
- Usar calçados adequados e antiderrapantes
- Realizar exercícios para melhorar o equilíbrio
- Revisar medicamentos que possam causar tontura
- Tratar problemas de visão
Nutrição e Suplementação para Saúde Óssea
Uma alimentação equilibrada é fundamental para a saúde óssea em todas as fases da vida. Os nutrientes mais importantes para os ossos são:
Cálcio:
O mineral mais abundante no organismo, com 99% estocado nos ossos. A ingestão diária recomendada varia de 1000 a 1200 mg para adultos. Fontes alimentares:
- Laticínios (leite, iogurte, queijos)
- Vegetais verde-escuros (couve, brócolis, espinafre)
- Sardinha e salmão enlatados com espinhas
- Tofu e alimentos fortificados
Vitamina D:
Essencial para a absorção de cálcio e saúde óssea. A principal fonte é a exposição solar (15-20 minutos por dia). Fontes alimentares:
- Peixes gordurosos (salmão, atum, cavala)
- Gema de ovo
- Alimentos fortificados (leite, cereais)
Outros nutrientes importantes:
- Proteínas: Importantes para a matriz óssea
- Magnésio: Encontrado em castanhas, sementes e grãos integrais
- Vitamina K: Presente em vegetais folhosos verde-escuros
- Zinco: Encontrado em carnes, frutos do mar e leguminosas
Ponto-chave: Em alguns casos, a suplementação de cálcio e vitamina D pode ser necessária, mas sempre sob orientação médica, pois o excesso pode ser prejudicial.
Exercícios Físicos para Fortalecer os Ossos
A atividade física regular é essencial para construir e manter a massa óssea. Os melhores exercícios para a saúde óssea são:
Exercícios com carga de peso:
Atividades onde você sustenta seu próprio peso contra a gravidade:
- Caminhada rápida
- Corrida
- Dança
- Tênis
- Subir escadas
Exercícios de resistência:
Usam a resistência para fortalecer músculos e ossos:
- Levantamento de pesos
- Uso de faixas elásticas
- Exercícios com o próprio peso corporal (flexões, agachamentos)
Exercícios de equilíbrio e flexibilidade:
Importantes para prevenir quedas:
- Tai Chi Chuan
- Yoga
- Pilates
Recomenda-se pelo menos 30 minutos de atividade física na maioria dos dias da semana, sempre adaptada à condição física individual e preferencialmente com orientação profissional.
Leia também:
Assim como a osteoporose, a sarcopenia (perda muscular relacionada à idade) é uma condição que afeta muitos idosos. Aprenda como prevenir e tratar a perda muscular no artigo completo sobre sarcopenia.
Perguntas Frequentes sobre Osteoporose
A osteoporose é uma condição crônica que não tem cura, mas pode ser efetivamente controlada com tratamento adequado, que pode impedir a progressão da doença, aumentar a densidade óssea e reduzir significativamente o risco de fraturas.
A prevenção deve começar na infância, mas a preocupação com o rastreio deve aumentar a partir dos 50 anos para mulheres e 70 para homens, ou antes na presença de fatores de risco. A densitometria óssea é geralmente recomendada para mulheres a partir dos 65 anos e homens a partir dos 70 anos.
A osteoporose em si não causa dor até que ocorra uma fratura. As fraturas vertebrais podem causar dor nas costas intensa e crônica, enquanto as fraturas de quadril e punjo causam dor aguda e incapacidade.
Sim, mas com orientação adequada. Exercícios com carga de peso e de fortalecimento muscular são benéficos, mas devem ser adaptados à condição individual. Atividades de alto impacto ou que envolvam risco de queda devem ser evitadas.
Osteoporose é uma doença caracterizada por perda de massa óssea e aumento do risco de fraturas. Osteoartrite (artrose) é uma doença das articulações caracterizada pela degeneração da cartilagem, causando dor e rigidez articular.
Preocupado com a saúde dos seus ossos?
Se você possui fatores de risco para osteoporose ou já foi diagnosticado com a doença, agende uma consulta para uma avaliação personalizada. Como geriatra, posso ajudar a desenvolver um plano de prevenção ou tratamento adequado para suas necessidades específicas.
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Agende sua consulta por WhatsAppEste conteúdo foi escrito pelo Dr. Felipe Bozi Soares, geriatra com especialização em saúde do idoso e doenças osteometabólicas. As informações apresentadas têm caráter educativo e não substituem a consulta com um profissional de saúde.